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quinta-feira, 6 de março de 2014

Entrevista ao site Doentes por Futebol



Vice-campeão ucraniano e pela primeira vez disputando a UEFA Champions League, o Metalist Kharkiv vem fazendo história na Ucrânia. Muito desse sucesso se deve aos brasileiros que estão lá. Atualmente são seis: Cleiton Xavier, Diego Souza, Marlos, Rodrigo Moledo, Márcio Azevedo e Michel Huff. Os cinco primeiros são caras conhecidas do futebol brasileiro, jogaram em grandes clubes daqui recentemente. Mas e Michel?
Michel é preparador físico, e está no clube desde o começo de 2011. Professor de Educação Física, é formado no IPA-IMEC/RS, pós-graduado na PUC/RS, e tem passagens por vários clubes gaúchos, como Grêmio, Internacional, São José, Ulbra e XV de Novembro. Aceitando convite do Doentes por Futebol, Michel falou principalmente sobre as diferenças entre o trabalho de um preparador físico na Europa e no Brasil. A evolução do futebol ucraniano e o futuro do Metalist também são destaques da entrevista.
DPF: Como surgiu o convite para trabalhar no Metalist?
Michel: O convite surgiu em outubro de 2010 através do Jader Brazeiro, representante do Metalist no Brasil, no momento em que o clube iniciou a política de contratar jogadores sul-americanos para o elenco. Não aceitei o primeiro convite, pois estava no projeto de reestruturação do EC Juventude/RS. No segundo convite, em fevereiro de 2011, já havia saído do clube mencionado e aceitei a proposta feita pelo time ucraniano.
DPF: A estrutura do clube ajuda o desenvolvimento do seu trabalho?
Michel: Realmente, a estrutura do Metalist é do nível dos melhores clubes do Brasil, e sempre que você tem à disposição uma grande estrutura, o trabalho de todos os profissionais fica mais fácil. O clube possui um estádio que foi sede da Eurocopa (padrão FIFA), com capacidade para 40 mil pessoas, e, além disso, tem um centro de treinamento com hotel, academia, área de recuperação e cinco campos oficiais, sendo um deles de grama sintética.
DPF: Conhece outros brasileiros que trabalham em comissões técnicas da Europa? A formação brasileira é diferente da europeia?
Michel: Tenho conhecimento que na Turquia, Holanda e Alemanha existem profissionais brasileiros na preparação física. Aqui no Leste Europeu acredito que seja só eu como profissional brasileiro atuando nesta área em clubes de futebol.
Aqui na Ucrânia, como no centro da Europa, a maioria dos clubes tem como metodologia o uso da preparação física como ferramenta de prevenção e melhora da performance do atleta para o modelo de jogo da equipe, diferente no Brasil, onde a preparação física é o objeto determinante na concepção de treinamento na maioria dos clubes.
Por exemplo: aqui no Metalist não existe treinamento priorizando a preparação física. Todos os treinamentos são desenvolvidos buscando a melhora do modelo de jogo da nossa equipe. Óbvio que são feitos trabalhos físicos, mas são executados no aquecimento ou antes e depois da parte principal do treino, com objetivo de prevenção, recuperação e melhora na performance individual do atleta.
DPF: Jogadores brasileiros, quando saem da Europa e voltam ao Brasil, reclamam muito dos treinos e da falta do famoso “rachão”. Qual a sua participação nos treinamentos e jogos?
Michel: A questão é cultural e metodológica. Não acredito que aqui seja o certo e no Brasil esteja sendo feito errado ou vice versa, mas sim, são formas distintas de treinamento. Se você tirasse um jogador europeu e colocasse num clube do Brasil, esse jogador passaria por uma adaptação em todos os aspectos.
Minha participação aqui consiste em fazer treinamentos que estejam inseridos no modelo de jogo do time, melhorando a performance físico-cognitiva da equipe utilizando sempre o futebol (físico, técnico e tático) como peça fundamental no treino. Faço também treinamentos individuais para os atletas adquirirem melhor desempenho individual tanto no campo quanto na academia.
Nos jogos, minha participação consiste em fazer a primeira parte do aquecimento antes das partidas e o aquecimento dos jogadores substitutos.
Huff comanda preparação do time no treino.
DPF: Acredita que o futebol ucraniano, em geral, evoluiu ou regrediu desde sua chegada em 2011?
Michel: Com certeza evoluiu. Hoje, a Ucrânia está entre os dez principais países no ranking da UEFA; o Metalist está entre os 30 melhores times do ranking da UEFA (quando cheguei estava entre os 90 melhores); a Eurocopa 2012 foi realizada na Ucrânia, sendo reformados e construídos novos estádios; a maioria das transferências do futebol brasileiro e argentino são para o mercado do Leste Europeu, principalmente Ucrânia; a Copa das Confederações 2017 e a Copa do Mundo 2018 serão na Rússia (país vizinho); o futebol da Ucrânia deixou de ser um “ostracismo” para os jogadores com o crescimento dos clubes do Leste Europeu. O torcedor ucraniano adora o futebol, e o investimento é um dos mais fortes da Europa;
DPF: Acha que o Metalist pode atingir o nível do Shakhtar e ser uma potência contra grandes clubes do centro europeu?
Michel: O Metalist foi o clube que mais cresceu no Leste Europeu nos últimos quatro anos, chegando no nível de vários clubes de tradição como Dynamo Kiev, Shakhtar Donetsk, CSKA Moscow, Zenit e Spartak Moscow. O Shakhtar é uma referência positiva aqui pelos dez anos de crescimento no futebol do Leste Europeu com uma conquista da Liga Europa e vários títulos de Campeonato Ucraniano e Copa da Ucrânia. Quebramos uma hegemonia de vinte anos na temporada passada, pois o Metalist nunca havia conquistado o vice-campeonato e, consequentemente, a vaga para a qualificação da Champions League. Aliás, nenhum outro time ucraniano, fora Dynamo e Shakhtar, já ficou nas duas primeiras posições no campeonato Ucraniano, consequentemente disputando a Champions League.
DPF: Depois da vitória contra o PAOK, o Metalist está bem perto da última eliminatória da Champions League, competição na qual pode enfrentar times poderosos, como Milan e Arsenal. Como é a reação de todos dentro do clube quanto a esse fato histórico?
Michel: Chegar na qualificação da Champions já foi histórico e a cada ano estamos quebrando paradigmas em termos de resultados dentro do clube. Mas os jogadores, principalmente os sul-americanos, querem muito mais que essa participação na qualificação da Champions.
Foto: Reprodução – Michel com os brasileiros Marlos, Cleiton Xavier, Fininho, Edmar e Willian.
DPF: O sucesso dos brasileiros do Shakhtar influenciou na política de contratações do clube? Você já indicou jogadores brasileiros ao técnico Myron Markevych?
Michel: Sim. Fui consultado sobre os jogadores brasileiros que foram contratados depois da minha chegada.
DPF: O elenco do clube conta também com diversos argentinos. Como é a sua relação com eles?
Michel: Sim, são sete argentinos: José Sosa – Napoli, Bayern de Munique e Estudiantes, Sebastian Blanco – Lánus/ARG, Jonathan “Chury” Cristaldo – Velez Sarsfield, Cristian “Kit” Villagra – River Plate, Juan Manuel “Chaco” Torres – San Lorenzo, Marco Torsiglieri – Sporting, e Alejandro Gómez – Catania. A relação com eles é a mesma que com os outros jogadores do elenco. Existe uma proximidade cultural por eu ser gaúcho e vivenciar algumas culturas semelhantes, tais como o chimarrão, a música e o churrasco.
Michel também espalha o que aprendeu e as situações que vive na Ucrânia em seu blog:  http://blogmichelhuff.blogspot.com.br/
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