"A bola dá volta"

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sexta-feira, 1 de julho de 2016

As mudanças na distância percorrida e velocidade das partidas da Euro influenciadas pelos sistemas táticos

Estamos vivendo mais um período de competições entre seleções nos dois mais importantes continentes do futebol mundial. A Copa América Centenário, realizada nos Estados Unidos, reuniu países da América do Sul, Central e Norte, na qual o Chile venceu a Argentina outra vez nas penalidades máximas. Já aqui na Europa está ocorrendo a Eurocopa, considerada a maior competição do futebol depois da Copa do Mundo, com a França sendo sede. Esse ano está sendo bem singular pois temos mais países participando e com alguns deles pela primeira vez na competição como é o caso de País de Gales, Islândia, Albânia, entre outros.
Foto: Getty Images


As sempre tradicionais e favoritas também estão presentes como Alemanha, Itália, França, Inglaterra e, a atual campeã, Espanha. Porém, não só de curiosidades vivemos na Eurocopa. Tenho percebido que muitas seleções têm apresentado alguns desempenhos muito parecidos nos modelos de jogo e sistemas táticos, influenciando no comportamento dos jogadores e no resultado das informações relacionadas à distância e velocidade da partida.

Ficou evidente que nesse ano as seleções estão correndo menos, porém com mais velocidade comparado a dados das competições anteriores. Por exemplo, na fase de grupos a média de distância percorrida em 90 minutos estava em torno de 10,5 km, com alguns atletas percorrendo na zona abaixo dos 10 km. Outro dado importante é a igualdade nas distâncias entre os times, onde na maioria dos jogos a diferença de distância percorrida não foi mais que 1 km, o que prova que as equipes estão atuando de forma semelhante, onde o jogo de transições defesa-ataque e ataque-defesa está bem característico entre as seleções. 

Islândia comemora classificação após superar a Inglaterra
Foto: Getty Images
No entanto, correr menos não significa que o jogo está menos intenso. Na verdade, o jogo parece estar mais rápido e a velocidade das transições tem valorizado muito os jogadores e zonas do campo onde atuam os extremas e laterais. Nesta zona do campo se evidencia o alvo das equipes para jogar, já que se encontram os maiores espaços para conquistar vitórias.

Enfim, fica muito claro que o futebol está em constante evolução, principalmente na questão de compreensão do jogo, que para mim é somente uma constatação daquilo que já vinha pensando há algum tempo, onde o jogador inteligente e que consegue interagir coletivamente com o modelo de jogo proposto pelo treinador terá melhores resultados dentro de uma partida, tanto na questão quantitativa, quanto na qualitativa.

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Em busca de conquistas

Foto: Press Office/FC Sheriff
Muitas pessoas devem ter se perguntado em setembro de 2015 o porquê de um profissional do futebol, que havia trabalhado por cinco anos em um clube de sucesso nas competições europeias como é o Metalist, com jogadores renomados, almejando trabalhar no mercado mundial em equipes de expressão, trocaria isso tudo para iniciar um desafio num mercado europeu ainda desconhecido. Na verdade, logo no início também me questionei se seria a decisão correta, visto que tudo estava favorável para manter o crescimento em termos de nível de disputa. No entanto, minha carreira profissional e vida pessoal sempre foram feitas de grandes desafios e percebi que era o momento de focar nesse aspecto que sempre me motivou, desbravando horizontes e cativando as pessoas por onde eu passo através do trabalho com persistência, conhecimento e companheirismo.

Reconhecendo que para obter sucesso e resultado deveria ter muito empenho da minha parte, foi justamente isso que realizei nestes oito meses de trabalho no Sheriff Tiraspol, da Moldávia, um clube que possui uma infraestrutura fantástica e com uma breve história com muitos títulos. Conquistar a confiança de pessoas que não te conhecem pessoalmente e que te contratam por aquilo que você já fez em outros clubes é um processo muito complicado, pois depende muito de ambas as partes e obrigatoriamente de resultado rápido, não caracterizado somente por resultado de jogo, mas também na influência do contexto e sistematização de um clube que é multicampeão em seu país, sabendo respeitar a cultura e peculiaridades que o ambiente te apresenta.

Foto: Press Office/FC Sheriff
Este processo é muito desgastante e duradouro, com diversos fatores que influenciam no desenvolvimento do trabalho, como o idioma, o clima, as diferentes nacionalidades do grupo de jogadores e a relação profissional com a comissão técnica de outra nacionalidade também. Entretanto, isto serve de agente motivador e, para quem se autodenomina uma pessoa persistente e acima de tudo desafiador, não existe barreiras nesse aspecto, pelo menos que eu saiba até o momento.

O caminho para a conquista é árduo, com muitos momentos de incertezas e dificuldades tanto em derrotas como quando algo não ocorre conforme o planejado. Mas são nesses momentos que você, como referência de uma equipe, precisa manter o foco, ser positivo e buscar o conhecimento daquilo que dentro da tua convicção precisa ser feito para encontrar as soluções dos problemas. Através disso tem que dar rapidamente a resposta aos momentos negativos que também fazem parte da trajetória de um grupo vencedor.

Maior exemplo disso foi a nossa derrota para o segundo colocado no final do segundo turno, por 1 a 0, nos instantes derradeiros da partida, ocasionando a perda do primeiro lugar e, consequentemente, tendo o adversário aberto uma diferença de três pontos na tabela de classificação. Isso gerou muita desconfiança e incerteza por parte de todos, algo nada mais que natural em uma equipe de futebol. No entanto, sabíamos das nossas capacidades de reverter, pois ainda restavam nove partidas no terceiro turno, que teríamos que unir as forças e não perder as esperanças enquanto elas estivessem presentes.

Foto: Press Office/FC Sheriff
Enfim, todos já sabem que conseguimos reverter a situação e a vitória veio da forma mais disputada possível, nos sagrando campeões da Moldávia no jogo extra, com a vitória por 1 a 0 em cima do nosso adversário, aos 43 minutos do segundo tempo. Agora queremos a realização de um sonho para os adeptos do Sheriff e também para mim, pois voltar a disputar a Champions League UEFA – primeira havia sido com o FC Metalist na temporada 2013/2014 – é fantástico para um preparador físico brasileiro. O primeiro passo foi dado, temos um longo caminho a percorrer nos playoffs da UCL e quem sabe poder participar da fase de grupos da maior competição do Mundo. Finalizando, através dessa postagem quero agradecer a todos que torceram por nós, perto ou distante, aos que foram ao estádio ou que nos acompanharam somente em pensamento. Estejam certos de que o pensamento positivo de todos nos deram forças para termos sido persistentes e lutar até o último segundo da disputa.

quinta-feira, 3 de março de 2016

Plantando para colher: pré-temporada no Chipre

Como todos sabem, uma pré-temporada nunca é igual a outra. Diversos aspectos diferenciam os variados trabalhos. Encerrado mais um período de treinamentos para uma intensa sequência de jogos, novos resultados obtidos e a certeza de evolução. Os fatores que mais influenciaram nesta etapa foram o programa de férias, o treinamento em Tiraspol, aqui na Moldávia, na grama sintética, as três semanas no Chipre, readaptação ao clima e rotina no clube.
Foto: Press Office/FC Sheriff

A realização do planejamento, mesmo antes do período de vacância, foi fundamental para o bom início do projeto. Neste, organizamos juntamente com os atletas, um programa de treinamento individual de três semanas para ser executado após 20 dias de férias, antecipando assim algumas adaptações que seriam feitas no começo do trabalho coletivo em Tiraspol.

Quando nos apresentamos aqui, tínhamos 25 dias em treinamento indoor, na grama sintética, o que necessitou uma adaptação dos jogadores para esse tipo de piso. Sendo assim, organizamos trabalhos preventivos mesclando com treinamentos físicos e com princípios do modelo de jogo, idealizados pelo nosso treinador. A prioridade se deu em adaptar e elevar os níveis de força dos atletas. Inserimos o maior tempo possível de trabalhos contextualizados com o nosso modelo de jogo.

Após esses 25 dias, viajamos para o Chipre, onde seguimos desenvolvendo o trabalho preventivo para que os atletas pudessem evoluir, sem se ausentar de nenhum treinamento. Suportando desta forma, a carga de treinamento que foi intensa, por sinal, sempre apoiado pela utilização da telemetria como base para o planejamento das atividades. Executamos dois turnos de treinamentos juntamente com um jogo a cada três dias em média.

Depois do período de jogos no Chipre, retornamos para a Moldávia já com o propósito de condicionar os jogadores para a estreia no campeonato nacional. Teremos até o final do mês de maio para disputar o título do Campeonato Moldavo e da Copa da Moldávia. 

Essa preparação pré-competitiva foi desenvolvida com base na metodologia do treinamento integrado com a utilização de um modelo de jogo. Este ficou bem explícito tanto para jogadores, como para treinadores. Tal aspecto foi desenvolvido na montagem dos microciclos - executando feedbacks no treinamento através de vídeos e análises - com a contextualização através dos princípios do nosso jogo, que estão sempre presentes no treinamento desde a primeira semana da pré-temporada. Além disso, todo o processo foi embasado pelo programa de prevenção com exercícios de treinamento de força, treinamento funcional e proprioceptivos. Tudo isso respaldou o trabalho tendo como resultado 50 dias de intensos treinamentos com 25 atletas. Jogamos nove jogos e obtivemos seis vitórias, dois empates e apenas uma derrota. Apenas uma lesão muscular (contratura muscular no posterior da coxa) ocorrida no jogo contra o Spartak Moscou.

Confira alguns resultados da pré-temporada:
08.02.2016 FC Kuban (Krasnodar) Vitória por 2 a 1
11.02.2016 FC Tom (Tomsk) Vitória por 3 a 2
14.02.2016 FC Dnipro (Cherkassy) Vitória 2 a 0
17.02.2016 FC Ural (Yekaterinburg) Derrota por 1 a 0
22.02.2016 FC Spartak (Moscow) Empate em 3 a 3
23.02.2016 Aris Limassol FC (Cyprus) Vitória por 8 a 1
26.02.2016 FC Mordovia (Saransk) Vitória por 2 a 0


sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

As diferenças na preparação física do Brasil para a Europa


Preparação para a segunda metade da atemporada 
Atualmente estamos em profunda discussão sobre o momento do futebol brasileiro. A diferença metodológica em relação à Europa sempre foi debatida, pois são escolas distintas em termos de embasamento teórico. Comparam-se as tendências do treinamento e, principalmente, a atuação do profissional da preparação física. Do que se indaga: por que a Europa se destaca neste quesito?

Diversos fatores influenciam o processo. Muito se fala do calendário cheio de partidas, mas também temos outros pontos a tratar. Como principal elemento, é possível afirmar que na Europa o treinamento está norteado pelo desporto coletivo através do futebol, onde o físico se torna um complemento, não o principal. Lá existe um planejamento para os jogadores executarem nas férias determinados exercícios, para que voltem com ritmo na pré-temporada, aptos a inserirem o conceito de jogo elaborado pelo treinador. Um dos pontos cruciais para o crescimento do atleta é a sintonia entre o físico e a parte técnica e tática.


Já no Brasil, se desenvolve na maioria dos casos a concepção do treinamento específico e individual, onde a preparação física é o "carro-chefe" do trabalho. No entanto, existem outras formas de se atuar na mesma intensidade, mas de forma mais atraente e mesclada, simulando situações reais de uma partida. A cada treino deve-se propor o que será utilizado dentro de campo.
Durante o trabalho realizado no Metalist, da Ucrânia

Nem tudo que é feito aqui no Brasil está errado, mas devemos aproveitar aquilo que a metodologia europeia pode nos enriquecer. Está na hora de desenvolvermos uma nova escola no futebol brasileiro. Precisamos de atualização em todas as áreas do esporte. Estamos estagnados em um fator cultural. Aqui a medicina é bastante avançada em relação ao Velho Mundo. No entanto, o que preocupa é que o Brasil está preparado para recuperar lesões e não para prevenir, por exemplo. Outro elemento relevante é a comissão permanente nos clubes. Dirigentes precisam ter uma ideologia implantada, para depois buscar um treinador com perfil compatível.

Confira o artigo no site do jornal Zero Hora

Existe uma grande possibilidade de se melhorar o aspecto físico, basta ajustar os treinamentos no calendário. Muitas vezes o trabalho de força não está inserido, sendo esta a grande chave para a preparação europeia ser adaptada e trazida para o Brasil.